segunda-feira, 7 de abril de 2014

Jardim da Boavista

Volto ao jardim mágico
da infância
que eu atravessava
no regresso das aulas,
ficando sentada nalgum banco de ferro,
tirando castanhas dum cone de jornal
e balouçando as pernas.
Dou uma volta completa
e lenta entre as camélias,
pisando o chão juncado de folhas
como se fosse a princesa
dos meus antigos contos de fadas.
Olho lá para cima e reconheço
os áceres, os plátanos, os carvalhos
e outras árvores
de que nunca soube o nome.
E de repente,
Como se já não estivesse ali,
num estremecer inesperado,
ouço aquela voz familiar
sempre viva e quente,
perguntando
se eu já tinha chegado.

(Manuela Reis)
in "Antologia de Poesia Contemporânea / Entre o Sono e o Sonho vol. V / Tomo II / Chiado Editora

1 comentário:

  1. Que belo poema, de evocação da (eterna) infância!

    (ou de como não é preciso saber o nome das árvores para conseguir amá-las)

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