Jardim da Boavista
Volto ao jardim mágico
da infância
que eu atravessava
no regresso das aulas,
ficando sentada nalgum banco de ferro,
tirando castanhas dum cone de jornal
e balouçando as pernas.
Dou uma volta completa
e lenta entre as camélias,
pisando o chão juncado de folhas
como se fosse a princesa
dos meus antigos contos de fadas.
Olho lá para cima e reconheço
os áceres, os plátanos, os carvalhos
e outras árvores
de que nunca soube o nome.
E de repente,
Como se já não estivesse ali,
num estremecer inesperado,
ouço aquela voz familiar
sempre viva e quente,
perguntando
se eu já tinha chegado.
(Manuela Reis)
in "Antologia de Poesia Contemporânea / Entre o Sono e o Sonho vol. V / Tomo II / Chiado Editora
Que belo poema, de evocação da (eterna) infância!
ResponderEliminar(ou de como não é preciso saber o nome das árvores para conseguir amá-las)