Mágoa
Mágoa de casa antiga
de olhos esburacados
cancela partida
e jardim bravio
Mágoa de casa abandonada
em que as vozes se calaram,
e à volta, no jardim,
as águas secaram.
Mágoa das rosas amarelas
arrancadas das jarras
brancas de porcelana
Mágoa de espigueiro
desconjuntado
de ripas soltas
e sem trigo nem milho
verde ou amarelecido
Mágoa duma voz
de agravo e desencanto
que num canto triste
por mim chama
Mágoa do vidro embaciado
em que o poema não ressurge
como era seu costume
Mágoa de sopro frio
que percorre
um estreito corredor
vindo aninhar-se
num nicho vazio
(Manuela Reis)
Manuela, tenho partilhado na minha página do Facebook os teus poemas, porque tu és uma das grandes poetas portuguesas e, como tal, a tua obra merece ser divulgada. Um grande abraço da Maria Alzira
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