segunda-feira, 28 de maio de 2012

Mágoa

Mágoa,
como madeixa
sobre o cabelo
preto e sedoso.
Talvez o rasto
da  partitura
dum caminho
marcado por
uma lágrima,
traçada por
linha profunda.


(Manuela Reis)

sexta-feira, 25 de maio de 2012


Suave

Suave  é a linha
da ave
que sobe no espaço
e se deixa levar
para além da serra.
Outros tempos,
outras eras.
Olho e vem-me toda a paisagem

(Manuela Reis)

quarta-feira, 23 de maio de 2012

Silêncio
 
Rompe o silêncio,
ao longo da casa,
no trilho da noite
que abre caminhos
Tão leve e indizível,
é como se quisesse
insinuar-se breve,
breve, muito brevemente.

Silêncio. Noite. Leve. Invisível.

(Manuela Reis)

sexta-feira, 18 de maio de 2012

Perfume

Amanhece dentro de ti
a frescura, a transparência
do odor aveludado
dos frutos do pessegueiro.
Deixa-te ir de olhos fechados
como numa barca
que abre caminho
ao teu mundo perfumado.

(Manuela Reis)

quinta-feira, 17 de maio de 2012

Este poema

Este poema esperou por ti
a vida inteira.
Conjunto de gestos de harmonia,
palavras surgindo uma a uma,
como pérolas nacaradas,
caindo livres no espaço.

(Manuela Reis)

quarta-feira, 16 de maio de 2012

Tão breve e antiga

E sozinha a neve,
por todos os caminhos.
Tão breve e antiga,
fazendo vergar árvores
e arbustos, toucando
de branco as urzes do monte,
os telhados das casas
e o campanário.
(Manuela Reis)

terça-feira, 15 de maio de 2012

Dança

Dança das saudades
dentro de mim.
Lágrimas espalhadas
no fundo da alma
a joeirar na pedra da eira.

(Manuela Reis)

terça-feira, 8 de maio de 2012

Melodia

De mãos fechadas, retenho
o silêncio de outras eras.
Abro-as e ele espalha-se
por toda a parte.
É uma melodia suave, tranquila
e sem fronteiras…

(Manuela Reis)

segunda-feira, 7 de maio de 2012

Joeirar

Joeirar de milho
sobre a pedra
do lajedo da eira.
Esvoaçar de pássaros
esgueirando-se
entre as tabuinhas
misteriosas do vetusto
e imponente espigueiro.
Flores brancas e
perfumadas de
pétalas soltas
mesmo prestes a voar.


(Manuela Reis)

quarta-feira, 2 de maio de 2012

Branco e azul


Dai-me as palavras brancas
como o linho.
Dai-me o caminho da teia
até chegar ao tear.
E por fim,
uma toalha branca de Páscoa
bordada a flores azuis.
Branco e azul,
ternura do meu linho.
 
(Manuela Reis)