quinta-feira, 24 de outubro de 2013

Nuvens




Por momentos dançam
acima das colinas
e das ovelhas de olhos meigos.
Espreitam o cimo das igrejas
e pairam sobre os campanários.
Cobrem os prados e vagueiam acima
dos espaços, dos mares e das ribeiras.

segunda-feira, 21 de outubro de 2013

Invento

Invento a noite e a madrugada,
os caminhos multiplicados
que vão  por esse mundo além
torneando as casas e as fontes;
os mares; e os cais de pedra.

Invento a noite e a madrugada,
os caminhos multiplicados
que vão por esse mundo fora,
como levados pelo vento
até ao promontório donde
me acenam, agora,
num gesto de
mistério inesperado.

(Manuela Reis)





terça-feira, 15 de outubro de 2013

Notícia

A notícia que chega de longe
lateja no coração
da Casa
e exila-me para uma terra
mais longínqua ainda.

(Manuela Reis)

quarta-feira, 9 de outubro de 2013

Evocação

Joeirar de milho
sobre a pedra
do lajedo da eira.
Esvoaçar de pássaros
esgueirando-se
entre as tabuinhas
misteriosas do vetusto
e imponente espigueiro.

(Manuela Reis)

terça-feira, 1 de outubro de 2013

Baú de couro

Tenho no quarto
um baú de couro
e pregos amarelos,
forrado a chita,
onde todas as manhãs
lanço o poema
com que começo
o dia.
Vindo do mar e
cheirando a maresia
ou da serra, abrindo
o perfume à alfádega
ou ao rosmaninho. 


(Manuela Reis)