quarta-feira, 29 de janeiro de 2014

Um dia

Um dia serei eu mesma a praia
com os seus infindáveis areais,
com o sargaço, as conchas e as pedras.
E por fim a água azul e os rochedos
Levando para longe, com as gaivotas, os meus medos.

No paredão da praia acerca-se uma caravela.
A aragem passa e eu fico com ela...

 (Manuela Reis)

sexta-feira, 24 de janeiro de 2014

Pinceladas

A toalha era de linho
bordado a matiz.
As chávenas de louça branca.

O bule parecia
um pássaro azul
voando dum para o outro
lado na mesa.

Era assim que minha avó
servia o chá perfumado
às netas, debaixo do
caramanchão
cheio de frescura.

(Manuela Reis)

sexta-feira, 10 de janeiro de 2014

Perspectivas

A fresca aragem da noite
entrando pela janela,
as rosas amarelas numa jarra;
ao lado, a lupa e o caderno aberto
na mesa oval da sala coberta
duma manta de renda, o rumor
de vozes vindas não sei donde.

(Manuela Reis)

segunda-feira, 6 de janeiro de 2014

Como conchas

Estende as tuas mãos
como conchas
e deixa emergir
delas o cheiro a
maresia
Estou na praia
mas parto então
para longe muito
longe para portos
desconhecidos
seguindo a voz
misteriosa
que de longe me
chama

(Manuela Reis)