sábado, 27 de abril de 2013

Fortaleza

Cavei o que parecia ser
só terra e areia
e perplexa encontrei
uma fortaleza de pedra

(Manuela Reis)

quarta-feira, 24 de abril de 2013

Menino 

Os olhos do menino
são de seda preta.
Deles saem,
de repente,
reflexos inesperados
como os de um animal raro.

Dos seus dedos,
chocalhos
e campainhas
que acompanham
os movimentos musicais
do seu corpo,
como música de fundo.

(Manuela Reis)

segunda-feira, 22 de abril de 2013


Na linha do horizonte,
passa uma asa branca,
a caminho do mar.

É como esboço de pincel
lançado no azul do espaço.
Sereno, firme, silencioso.

Sou eu o espectador atento que
a segue de longe, a cada momento.

(Manuela Reis)

sexta-feira, 19 de abril de 2013

Folha

Breve, leve,
a folha esvoaça
e cai.

Dir-se-ia
um passarinho
que das minhas
mãos  tenha fugido
e vá agora
ao longo doutro caminho.

(Manuela Reis)

quinta-feira, 18 de abril de 2013

Lagoa

Este silêncio
é diferente,
feito
de águas
paradas,
viuvinhas vogando,
libélulas
de cor vermelha,
e do outro
lado
um barco
azul
ancorado.
Sinto
o inclinar
suave
dos juncos,
o passar
furtivo
dum pica-peixe
e o grasnar
cinzento
das garças no arvoredo.


(Manuela Reis)

quinta-feira, 11 de abril de 2013

Um só grão

Um só grão inclina
o prato da balança
para o teu lado,
leve, docemente.

(Manuela Reis)

segunda-feira, 8 de abril de 2013

Do longe à vila

Do longe à vila
traça-se o caminho
por meandros
misteriosos, até
chegar ao ponto
de encontro e de
chegada. Assim se
entra pela grande
porta de vetusta
e antiga madeira.

(Manuela Reis)

sexta-feira, 5 de abril de 2013

Entardecer

Guardo na concha
das minhas mãos
o segredo do entardecer.
Abro-as, e o escoar da
luz tem várias cores:
roxa, amarela,vermelha,
laranja, em ouro a pairar!

(Manuela Reis)

quinta-feira, 4 de abril de 2013

No escuro da noite

No escuro da noite, de súbito,
iluminam-se as margens duma
folha branca onde aparecem,
entre os meus dedos, as palavras
que deixam adivinhar o novo dia:
a aurora, a límpida madrugada!...


(Manuela Reis)

quarta-feira, 3 de abril de 2013


Abril

É em Abril
que o sol trepa
pela chuva
como pelos lanços
de uma corda
das crianças
que vão
à escola

(Manuela Reis)

segunda-feira, 1 de abril de 2013

Páscoa

A casa
está
vazia
das pétalas
de flor
varridas
do compasso.
Dos sinos silenciados
e das vozes
dos que vão
passando.
Passou
a Páscoa

(Manuela Reis)