quarta-feira, 20 de maio de 2015

Perfil

O meu olhar segue-te
vestido de impecável cinzento,
bengala pousada ao lado.
Tens um olhar ausente
do que te rodeia e só tens
a certeza que estás mesmo lá
porque apertas entre os dedos
o copo de refresco de laranja,
groselha ou não se sabe de quê.
Talvez o teu pensamento
siga a saudade da mulher amada,
há muito desaparecida,
ou talvez a ausência dos netos
que partiram de férias com os pais,
sem ninguém te ter perguntado
se não querias  ir com eles,
sem que saibas porquê.
(Manuela Reis)

quarta-feira, 13 de maio de 2015

Órgão

Despertar
de sons
numa longínqua
madrepérola
Madrugada
donzelas
de branco
à espera
do amado
sentadas
a janela
em bancos de pedra
 
(Manuela Reis)

sexta-feira, 8 de maio de 2015

Índico

Mergulho no Índico desde as areias prateadas
Às costas generosas de vastas e misteriosas terras
Minha alma faz-se una com o das águas
Caindo a pique num poço cheio de luz e sombra

No escuro das horas difíceis do pé-de-vento do furacão
Eu sou como um barco perdido na crista das tempestades


(Manuela Reis)