quarta-feira, 31 de outubro de 2012


Búzio

À ternura dum búzio,
deixei coar o som
profundo que me levou
para longe, no mar.

(Manuela Reis)

segunda-feira, 29 de outubro de 2012

Espiral

É em espiral
que o meu espírito
se move
não na quadratura
das horas

(Manuela Reis)

sexta-feira, 26 de outubro de 2012

Não morei

Depois
de eu morrer
se vierem
perguntar
onde moro
não morei

(Manuela Reis)

quarta-feira, 24 de outubro de 2012

É noite,
a casa dorme.
No centro,
desperto,
gotejam-me
os telhados
e é como
se me batesse
a chuva
e o vento
lá de fora.

(Manuela Reis)

segunda-feira, 22 de outubro de 2012

Fecho os olhos 


Fecho os olhos
O silêncio
traz-me
o som
do cair da pedra
na água
dum poço








(Manuela Reis)

sábado, 20 de outubro de 2012


Ao luar

Passeio à beira-mar.
Leve, ligeira,
descalça na areia,
junto aos contrafortes
rochosos que procuram o
reflexo do luar.
O cheiro a maresia
envolve-me em mistério
e leva-me para longe.
Longe,muito longe.

(Manuela Reis)

sexta-feira, 19 de outubro de 2012

Entre os dedos

Entre os dedos
enrugados
torço
um pedaço
de linho
e vejo-me
numa cidade antiga
no alpendre
da casa velha
doidinha

(Manuela Reis)

terça-feira, 16 de outubro de 2012


Abre as mãos

Abre as mãos
e deixa ir as coisas
Só assim
ficará intacta a Memória
Como porcelana

(Manuela Reis)

sábado, 13 de outubro de 2012


Mãe


A Tua Presença
Mãe
serenamente
adormecida
entre as flores
salvas
do matagal
é o elo
oscilante
com o Passado
que preciosamente
retemos
nesta Hora
entre gestos
banais
que
de repente
se tornam rituais
Por isso
o mais
sagrado
é o silêncio
Todo
o Silêncio
que pudermos
guardar
de tudo
o que se for
embora

(Manuela Reis)

quarta-feira, 10 de outubro de 2012


Silêncio


O silêncio
sereno
dita segredos
que nunca
me ouvi

(Manuela Reis)

terça-feira, 9 de outubro de 2012


De noite

De noite
ouço
o silêncio mudo
encrespado
contra as grades
das prisões
do mundo

(Manuela Reis)

sexta-feira, 5 de outubro de 2012


Marulhar das águas

No marulhar das águas,
mergulho à procura do caminho
que me leve ao fundo do mar,
berço de segredos e segredos
guiados ao longo dos séculos
e que nele ficaram bem guardados.

(Manuela Reis)

segunda-feira, 1 de outubro de 2012

Sebe

Há uma sebe
que se revela
ao meu primeiro passo.
Perscruto o que me cerca.
É tudo Espaço.
Como assim,
se eu não avanço?!

(Manuela Reis)