sexta-feira, 20 de novembro de 2015

Homenagem

Eram jardins no meio da rua
e encostados às paredes das casas
Multidão de mãos erguidas e velas acesas
num grito mudo
Pela liberdade.

(Paris, 13 de novembro de 2015)


Manuela Reis

sexta-feira, 13 de novembro de 2015

Mágoa

Mágoa de casa antiga
de olhos esburacados
cancela partida
e jardim bravio

Mágoa de casa abandonada
em que as vozes se calaram,
e à volta, no jardim,
as águas secaram.

Mágoa das rosas amarelas
arrancadas das jarras
brancas de porcelana

Mágoa de espigueiro
desconjuntado
de ripas soltas
e sem trigo nem milho
verde ou amarelecido

Mágoa duma voz
de agravo e desencanto
que num canto triste
por mim chama

Mágoa do vidro embaciado
em que o poema não ressurge
como era seu costume

Mágoa de sopro frio
que percorre
um estreito corredor
vindo aninhar-se
num nicho vazio


(Manuela Reis)

segunda-feira, 2 de novembro de 2015

Silêncio

Não há dois silêncios
iguais.
O desta manhã
leva-me para longe,
para o tempo
em que, de sacola
na mão, seguia para a escola
à sombra das ameixoeiras bravias.

(Manuela Reis)