quarta-feira, 3 de junho de 2015

Mãe, ensina-me o Silêncio que ainda não mereci. Que não ouvi.
O que apaga as palavras, inúteis e tortuosas.
Insaciáveis.
Palavras de palavras. Que anulam, destroem ou abrem crateras. Dão fome e sede.
Mãe, ensina-me o Silêncio tão parecido com as palavras que ainda não disse.
As necessárias. Que apertam laços, despertam vozes.
Mãe, ensina-me o Silêncio.
Dá-me as palavras únicas e certas como o sol silencioso e atlântico nesta primeira manhã do ano.
Tão parecidas com as que ainda não disse.

(Manuela Reis, janeiro de 1993)