quinta-feira, 27 de junho de 2013


Candeia

Escrevo à luz da candeia sobre
a toalha de linho que evoca
a flor azul criada nos campos
férteis e longos da vessada.
À volta, as sombras deixam
adivinhar o armário grande
pintado de verde e a masseira,
o trasfogueiro e a trempe de
ferro na lareira contra o lume.

(Manuela Reis)

sexta-feira, 21 de junho de 2013

Palavras

Foi um mês, outro mês
e outro ainda.
Chovera sempre,
a água escorrera pelos telhados
em bico, as paredes
das casas e as frinchas
das janelas.
Pelo caminho, encontrei
um punhado de palavras
dispostas nos passeios.
Palavras intactas, mas
a brilhar à chuva.
Palavras plenas que
se encerram
num livro fechado.

(Manuela Reis)

quinta-feira, 20 de junho de 2013

Silêncio

Da  clarabóia
à casa desaba
o silêncio.
Não há passos,
não há vozes,
mas eu fecho
os olhos para
te ver a meu lado.
.....................
É a música das horas

(Manuela Reis)

terça-feira, 11 de junho de 2013

Creta

Estendo uma toalha de linho
sobre a mesa de carvalho antigo,
e à transparência dum céu luminoso,sem bruma,
vejo pousar potes de vinho,azeite e mel,
uma ânfora de argila com ramos de cedro e pinho.

(Manuela Reis)

quarta-feira, 5 de junho de 2013

Palavras

Partiram há séculos
em busca do Espaço
...............................
Partiram há séculos
mas encalharam
Possuídas da tentação
dos lugares
Presas do sargaço
de misteriosas praias
.....................................
Partiram há séculos
Chegaram
mas naufragaram
.................................
Por isso Mãos Ocultas
te trouxeram
ao Cais Deserto
de novo ponto de Partida
Desacolhido sim do antigo lar
como da infância
Apontando porém
o reaprendido Caminho 


(a Fernando Pessoa) 



Manuela Reis