sexta-feira, 30 de novembro de 2012

Uma flor

No silêncio
do poço
e bem lá no fundo
lancei uma pedra
e nasceu uma flor
que ficou a boiar.

(Manuela Reis)

quarta-feira, 28 de novembro de 2012

Retratos

Há retratos
antigos
que me atraem.
Olhares ternos,
coniventes, ou fixando-se
em frente,
isolados.

(Manuela Reis)

segunda-feira, 26 de novembro de 2012

Programei

Programei a aurora
e o entardecer.
Entre ambos encontrei
o largo, vasto Espaço
e o impalpável Silêncio.
Serenidade. Harmonia.


(Manuela Reis)

quinta-feira, 22 de novembro de 2012

Artista

Escriturário da vida
despe o fato e a
gravata
nas costas da cadeira
escreve toca pinta
a noite inteira

(Manuela Reis)

quarta-feira, 21 de novembro de 2012


Tão cedo 

Tão cedo escureceu
e eu sem saber
alguém por certo
se esqueceu
de mo dizer

(Manuela Reis)

domingo, 18 de novembro de 2012


Dia


Foi no pano
de linho branco
sobre a cómoda
que primeiro nasceu
o dia
Depois no jarro
cor-de-rosa
de laivos dourados
que minha Mãe
em tempos me dera
Brilharam então
no escuro os frascos
de vidro e as jarras
e entre eles
um Cristo deitado
da Rosa Ramalho

(Manuela Reis)

quarta-feira, 14 de novembro de 2012

Presença

A tua presença
corre
nas teclas
dum piano
violino nas cores
misteriosas
dum quadro
no canto
da Memória

 
(Manuela Reis)

sábado, 10 de novembro de 2012


Síntese

Telas
de cidades
alegres,
coloridas,
de veios
musicais.
Momentos
de magia
como
uma porta
em silêncio,
uma janela
entreaberta,
uma garça
no cimo
do salgueiro.
Em filme,
desenho,
pintura
ou fotografia.

(Manuela Reis)

quinta-feira, 8 de novembro de 2012

Há rosas

Há rosas
amarelas
no jardim, mãe.
Anda ver.
Nasceram
para que
nunca mais
ninguém
te possa
esquecer.

(Manuela Reis)

terça-feira, 6 de novembro de 2012

À luz da candeia

À luz da candeia,
já quase de noite,
cruzei as mãos
e as sombras
ficaram a pairar
contra as paredes,
como se fossem
asas dum morcego.

(Manuela Reis)

sexta-feira, 2 de novembro de 2012

As oliveiras da Grécia


As oliveiras da Grécia
estendem-se em grandes planuras
e cobrem as encostas.
As oliveiras da Grécia
encontrei-as eu por toda a parte,
ao longo dos caminhos,
quer em Atenas, Delfos,
Micenas ou Creta,
nas pracetas públicas
ou junto das igrejas ortodoxas.
As oliveiras, árvores sagradas
com os seus frutos perfumados,
encontrei-as sob a forma
de folhas de ouro incrustadas
em colecções de jóias.

Manuela Reis
Creta, Dezembro de 2004